1 de Fevereiro de 2023
Documento do mês de fevereiro 2023 – Pastoral do Bispo Dom José Alves de Mariz – Provisão sobre o jejum e abstinência,1899
Toda a práxis católica, é em si mesma pastoral, sendo o movimento regenerador, que emana da Igreja Católica , no qual a mesma realiza a sua missão, tendo como fundamento a palavra edificada da ação de Jesus Cristo e a plenitude de Deus. Assim, Papa, bispos ou outros dignitários católicos, são os guias espirituais da comunidade dos seus fiéis, que a partir das suas cartas, fornecem um conteúdo doutrinário. Esta pastoral do bispo José Alves de Mariz, tem como matriz, princípios de indulto, para se usarem durante os dias de quarta-feira de cinzas e quaresma do ano de 1890. Eis uma das restrições patentes na pastoral: “Em toda a quaresma, sem exceptuar os domingos, é inteiramente prohibida a promiscuidade de comidas de carne e peixe; e as pessoas obrigadas ao jejum não poderão, excepto aos domingos, usar de alimentos de carnes senão na unica comida ou refeição principal, podendo todavia em pregar temperos de gordura na pequena refeição ou consoada”. A questão da carne entra na penitência, estando ligada ao facto da morte de Cristo. O jejum é um sacrifício pessoal que cada pessoa oferece na tentativa de pedir que Deus tenha piedade e perdoe os pecados. É um pedido mais intenso para que as pessoas alcancem a graça. A quarta-feira de cinzas marca o fim do carnaval e o início da quaresma, tempo celebrado nas igrejas Católica, Luterana, Ortodoxa e Anglicana. Os 40 dias que antecedem a Semana Santa e, posteriormente, a Páscoa, fazem memória do tempo em que, segundo a Bíblia, Jesus ficou no deserto. Somos pecadores e reconhecemos a nossa condição finita. Significa, não o perdão de nossos pecados, mas a graça de Deus. Quem recebe as cinzas na quarta-feira, deve ter a disposição de fazer com que a quaresma seja um tempo de mudança e transformação e renovação da própria vida. Neste tempo da contemporaneidade, onde o consumismo e abundância são um elemento ilusório da felicidade, e em última instância o reduto final da existência humana, faz todo o sentido a leitura dos preceitos desta pastoral, na simbiose da partilha e solidariedade que subjaz aos tempos turbulentos em que vivemos. Será então o momento crucial, de contermos os nossos desejos materiais, a gula do sonho nunca alcançado, e da abundância fazer a ausência como premissa da materialidade, procurando o estado pleno de espiritualidade que urge numa emergência necessária e humana. Partilhai, amai o semelhante, e sangue novo alimentará avida e a esperança.