1 de Janeiro de 2025
Documento do mês de janeiro de 2025 – Exortação pastoral relativa à emigração do Bispo D. José Alves de Mariz do ano 1889
As Pastorais são trabalhos desenvolvidos pela Igreja, numa ação organizada e dirigida pela Diocese e Paróquia para “atender” a determinada situação numa realidade específica.
Todos os paroquianos têm uma função, um carisma, uma forma de viver, porém, todos eles são importantes para que o Reino de Deus aconteça. Com as nossas virtudes e defeitos, estamos a caminho, na estrada, procurando a nossa conversão em Cristo.
A finalidade da Igreja Católica é evangelizar, ou seja, difundir os ensinamentos deixados por Jesus nos Evangelhos e nos livros Sagrados. Para que a Igreja possa fazer essa divulgação do Santo Evangelho, precisa ter um plano organizado, um projeto de evangelização que é distribuído a vários grupos em diferentes setores.
Todos os membros das pastorais são voluntários, mas recebem formação para exercerem o trabalho que a elas correspondem. São coordenadas pela diocese que promove regularmente cursos e encontros de formação, para que os “agentes de pastoral” possam trabalhar junto às comunidades com plena consciência da finalidade do seu trabalho. Assim, o documento do mês de janeiro revela uma exortação, advertência, conselho a todos os emigrantes que partem para o Brasil e outras partes da América numa ânsia de uma vida melhor, contudo esta pastoral adverte para as doenças pelas quais se deparam quem parte, como a febre amarela que habitam as costas marítimas das regiões tropicais, bem como a miséria em que vivem sem as condições necessárias para a existência da vida, e muitos sucumbem à morte. Eis um excerto da pastoral que evidência os perigos da emigração: “… E a família e a pátria choram e lamentam o delírio da emigração, que causa pezado luto, e augmenta a pobreza dos nossos conterraneos”…A lliciação de indivíduos para embarcarem com direcção aos portos da América é hoje em dia um genero de negocio assaz lucrativo para quem tem genio de o tentar. Usa-se de toda a sorte de artificios para iludir a boa fé; descreve-se a facil acquisição de fortunas colossaes dentro de pouco tempo…”.
É inegável a contemporaneidade da subjacente à pastoral mencionada, com a realidade presente em que o nosso mundo está envolto, onde os sonhos e desejos imperam não pensados e dizíveis, apenas o agir é a força única que move o sujeito. Pensemos por instantes nos refugiados, perseguidos na sua dignidade onde as guerras atentam à Vida na sua forma pura e são tratados como vegetais de um outono perdido, façamos também uma reflexão face ao tráfico humano, às promessas eternas da excelência da vida, goradas no pesadelo inesperado. Chegará o dia em que a emigração faça juz ao seu nome quando o Mundo se transfigurar num todo, onde imperam de forma cabal os valores Humanos, e o Homem se torne Homem na sua Universalidade e Espiritualidade. Urge a renovação e a reconquista do sagrado, o reconhecimento pelo homem da sua génese, e nesta confluência podemos todos partilhar de um Mundo Humanizado.(ADBGC/509/DB/P106/CX02)