1 de Outubro de 2023
Documento do mês de outubro 2023 – O Mais Antigo Português do Oriente – Monsenhor Manuel Teixeira (1912.4.15 – 2003.9.15)
O documento destaca a personalidade do mês, Monsenhor Manuel Teixeira, de grande pendor intelectual, humano, numa entrega plena no seu compromisso fraterno, perante a comunidade, abrindo horizontes pelo mundo, semeando a palavra de Cristo, sendo a expressão da memória coletiva de Macau.
O Padre Manuel Teixeira nasceu a 15 de abril de 1912, em Freixo de Espada à Cinta, Trás-os-Montes, distrito de Bragança, faleceu em 2003 a 15 de setembro, na freguesia de Santa Maior, concelho de Chaves, filho de António Maria Teixeira e Ana Maria Camisas, meto paterno de João António Teixeira e Florencia de Jesus Guerra, materno de João Baptista Camisas e Piedade do Espirito Santo
Fazemos assim , uma breve incursão na sua viagem biográfica, para dar a conhecer a sua obra, bem como o seu legado magistral. Após a conclusão da instrução primária na sua terra natal, embarcou com alguns seminaristas destinados às missões do Oriente, a 16 de Setembro de 1924. Após mais de 1 mês de viagem chegou a Macau, a 27 de Outubro, ingressando no Seminário de S. José.
Na igreja do Seminário de S. José recebeu de D. José da Costa Nunes o diaconado, a 15 de junho de 1934 e o presbiterado a 29 de Outubro de 1934. A 1 de Novembro desse mesmo ano celebrou a sua primeira missa na igreja de S. Domingos, passando a ser pároco de S. Lourenço até 1946. Foi assistente diocesano da Juventude Independente Católica Feminina (JICF).
Aos 22 anos foi-lhe entregue a direção do “Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau”, cargo que desempenhou até 1947, ao mesmo tempo que era professor no Seminário (1932-1946) e do Liceu (1942-1945). O “Boletim Eclesiástico da Diocese de Macau” tornou-se uma publicação internacionalmente conhecida, graças aos trabalhos do Padre Manuel Teixeira e ao valioso contributo de outras figuras de grande prestígio como José M. Braga e Charles R. Boxer. Em 1942, fundou a revista mensal “O Clarim” e foi co-fundador do seminário “União”.
Em 1948, parte para Singapura como superior e Vigário Geral das Missões Portuguesas de Singapura e Malaca. Em Singapura, organizou várias instituições religiosas e fundou a revista “Rally” que se publica em inglês. Em 1952, o Governo Português, em reconhecimento pelos seus relevantes serviços, agraciou-o com a condecoração do Oficial da Ordem do Império Colonial.
Em 1959, criou o Fundo dos Estudantes Pobres (St. Joseph’s Church Book Fund).
Em 1962, regressou a Macau e passou a exercer funções docentes no Colégio de S. José (1962-1965), na Escola Comercial Pedro Nolasco (1962-1964) e no Liceu Nacional Infante D. Henrique (1964-1970). Foi Director dos “Arquivos de Macau” (1976-1980) e do “Boletim do Instituto Luís de Camões”.
Em 1981, a Fundação Calouste Gulbenkian premeia o seu trabalho “Os Militares em Macau” com o prémio de História; dois anos mais tarde, o seu trabalho “Toponímia de Macau” foi galardoado novamente com o prémio de História da Fundação Calouste Gulbenkian.
Foi membro da Associação Internacional de Historiadores da Ásia, da Academia Portuguesa de História e da Academia Portuguesa de Marinha, sócio-correspondente da Sociedade de Geografia de Lisboa, sócio da Sociedade Científica Católica Portuguesa, vogal do Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, vogal do Conselho da Universidade da Ásia Oriental e Doutor Honoris Causa em Letras, pela mesma Universidade. Em representação de Macau e de Portugal, participou em vários congressos realizados em Manila, Singapura, Taipé, Paris e Sidney, entre outros, onde proferiu comunicações.
Várias honras e distinções foram merecidas pelo Padre Manuel Teixeira, como a do Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (1974) e Medalha de Valor (1985).
Em 1982, foi proclamado Figura do Ano em Macau, dado o seu cariz popular.
A 6 de Janeiro de 1989, foi proclamado Membro da Academia Portuguesa de História, e a 10 de Junho do mesmo ano foi condecorado, pelo Presidente da República Portuguesa,
Dr. Mário Soares, com a Comenda da Ordem Militar de S. Tiago e Espada.
Na sua opinião: “Como estudioso da história de Macau, o mais importante trabalho é tomar notas de todos os acontecimentos importantes de Macau e da sua Diocese, pois a história da igreja de Macau está intimamente ligada à história civil do Território, tornando-se difícil dissociar estas duas realidades…”. Disse também: “O homem é pó, a fama é fumo e o fim é cinza (…) só os meus livros permanecerão (…) e essa é a minha consolação!”
O Padre Manuel Teixeira deixou centenas de obras as quais são testemunho das suas palavras e da sua singular ação que perdura num tempo atemporal.