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1 de Outubro de 2025

Documento do mês de outubro 2025 – Traslado do inventário dos bens móveis e de raiz, que se fez por falecimento do bispo de Bragança e Miranda, D. António Luís de Veiga Cabral da Câmara, 1819

D. António Luís da Veiga Cabral e Câmara (n. Viana do Castelo, 10 de outubro de 1758 – F. São Salvador, Mirandela, 13 de Junho 1819) foi um bispo português da Diocese de BragançaMiranda. Foi 27.º Bispo de Miranda e 3.º de Bragança entre 1793 e 1819, data da sua morte. Um inventário de bens móveis de 12 de junho 1819 é registo histórico de todos os bens que não estão fixados ao solo (como mobiliário, utensílios, dinheiro, terras, ouro, etc.) pertencentes a uma pessoa, família ou instituição naquela época, realizado para fins de herança, partilha, ou para documentar o património para fins legais e administrativos.

O documento do mês, destaca o traslado do inventário dos bens móveis, bem como a inerente personalidade singular, multifacetada e controversa na sua atividade e mentor espiritual como unidade e a correção doutrinária da fé, de D. António Luís de Veiga Cabral da Câmara.

Evidenciando a obra: “D. António Luís da Veiga Cabral da Câmara Bispo de Bragança e Miranda (1758-1819)” do ano 2019, do autor Prof. Doutor Fernando de Sousa (Professor catedrático da Universidade do Porto e coordenador do CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade) , pág 9, apresenta uma súmula de grande rigor e objetividade, que passamos a citar:

“… D. António Luís, bispo de Bragança e Miranda na viragem do século XVIII para o século XIX (1793-1819), foi um dos prelados mais extraordinários e polémicos de toda a História da Igreja em Portugal, quiçá, aquele que mais paixões despertou e que perduraram após a sua morte durante mais tempo. Reverenciado por numerosos eclesiásticos e pelo povo em geral como “apóstolo da perfeição cristã”, “profeta” e “justo”, venerado pelas religiosas dos recolhimentos que fundou como “uma espécie de culto particular”, apelidando-o de “pai”, foi denominado por outros como “herege”, visionário, “misantropo”, “crédulo” e até sensível às “tentações da carne”. Para compreendermos D. António Luís, uma personalidade tão rica e tão influente da sociedade portuguesa na agonia do Antigo Regime, que vive num dos períodos mais dramáticos da nossa História, marcado pelo impacto da Revolução Francesa (1789) e das Invasões Francesas (1807-1811), para entendermos a hostilidade que o poder régio e alguns setores da Igreja lhe votaram, é preciso conhecer o tempo que lhe foi dado viver como bispo, o embate que se fez então sentir entre a tradição e a mudança/inovação, o combate entre a conservadora mentalidade religiosa e os desafios do racionalismo iluminista/jansenista, captar a realidade social do Reino e da Diocese de Bragança e Miranda, apreender as rivalidades existentes entre o poder secular e o poder eclesiástico, entre o clero regular e o clero secular, entre as famílias influentes no contexto trasmontano, compreender o papel da mulher na sociedade rural e a sua inegável emancipação no âmbito das comunidades religiosas, e conhecer a leitura que este bispo fez da doutrina cristã à luz dos Evangelhos…”

(Cota: PT/ADBGC/DIO/MSMDRBGC/009/00004)

Assento de óbito de – António Luís de Veiga Cabral da Câmara, São Salvador, concelho de Mirandela (Tif. 22 e 23) – (Código de refª: PT/ADBGC/PRQ/MDL28/003/00039)

        

Esta notícia foi publicada em 1 de Outubro de 2025 e foi arquivada em: Documento em destaque.