1 de Novembro de 2025
Documento do mês de novembro de 2025 – Abílio Manuel Guerra Junqueiro (1850-1923), homem das letras e destacado político e diplomata
O documento do mês dá relevância à personalidade de Abílio Manuel Guerra Junqueiro, conhecido como Guerra Junqueiro.
De acordo com o seu registo de batismo (PT-ADBGC-PRQ-FEC02-001-00001_m0186.jpg), nasceu na freguesia e sede de concelho de Freixo de Espada à Cinta, distrito de Bragança, no dia 15 de setembro de 1850, filho de José António Junqueiro e de Ana Maria Guerra. Foi solenemente batizado no dia 23 do mesmo mês e ano, tendo por padrinhos Manuel Joaquim Guerra e Francisca Marcelina.
Concluiu os estudos preparatórios no liceu de Bragança. Em 1866 ingressou no curso de teologia da Universidade de Coimbra, dois anos depois, percebendo que lhe faltava a vocação para a vida religiosa, mudou para o curso de Direito que terminou em 1873.
Em 1878, Guerra Junqueiro ingressa na vida política. Exerceu o cargo de secretário-geral do Governo Civil de Angra do Heroísmo e Viana do Castelo, deputado em 1898, pelo círculo eleitoral de Macedo de Cavaleiros, duas vezes pelo de Viana do Castelo e ainda uma vez por um dos círculos de África. Foi militante, desde 1879, do Partido Progressista e colaborou ativamente com a República após a sua instauração, em 1910. Como reconhecimento das suas ações, em benefício dos ideais Republicanos, foi nomeado, em 1911, Ministro Plenipotenciário da República Portuguesa, em Berna, na Suíça, onde permaneceu até 1914.
Ainda durante a frequência do curso de Direito, começou a demostrar um notável talento poético. Foi considerado um dos nomes mais promissores da nova geração de poetas portugueses da época e teve um papel extremamente importante no cenário cultural de Portugal. Distinguido, pelos seus pares, como um dos maiores poetas portugueses do século XIX.
A produção literária de Guerra Junqueiro é vasta e aborda, essencialmente, temas políticos e sociais que refletem a sociedade portuguesa dos finais do século XIX e do início do século XX.
Escreveu, poesia, contos e prosa, dos quais se destaca: Duas páginas dos catorze ano (1864); Mysticae, mysticae (1866); Vozes sem eco (1867); Baptismo de amor (1867); A vitória da França (1870); A Espanha livre (1873); A morte de D. João (1874); O crime (1875); Aos Veteranos da Liberdade (1878); Contos para a infância – Escolhidos dos melhores autores (1877); Fiel (1875); Na feira da Ladra (1877); A fome no Ceará (1877); Tragédia infantil (1877); A musa em férias (1879); O melro (1879); A Velhice do Padre Eterno (1885); O século – Baptismo de Amor (1885); A lágrima (1888); Finis Patriæ (1890); Pátria (1896); Os simples (1892); Oração ao pão (1902); Oração à luz (1904); Ensaios espirituais – «Oração ao raio… que o parta» (1904); Ladrão…do milho (1902); Gritos da Alma (1912); Poesias Dispersas (1920); Prosas Dispersas (1921); Horas de Combate (1924); O Caminho Do Céu (1925) Prometheu Libertado (1926, póstumo).
Colaborou ainda em jornais políticos e artísticos, como: Folha, fundado e dirigido pelo poeta João Penha, Lanterna Mágica, o diário francês Revue e em tantos outros.
Guerra Junqueiro, juntamente com outras personalidades intelectuais de maior relevo da vida cultural portuguesa, fez parte do grupo Vencidos da Vida. No Café Tavares ou no Hotel Bragança, em lisboa, os membros deste grupo reuniam para fins de mero convívio, conversas e lazer. Sendo que vários destes intelectuais, políticos e escritores, estiveram associados a iniciativas de renovação da vida social e cultural portuguesa de então. O grupo esteve ativo de 1887 a 1894.
Faleceu em Lisboa, rua Silva Carvalho, a 7 de julho de 1923. Sepultado no Mosteiro dos Jerónimos foi trasladado para o Panteão Nacional em 1966.

